Parte o tempo na memória do esquecimento
Parte o dia nesta ânsia vazia
Parte o sentimento e no coração, tormento
Parte o trilho, que desatino.


Sinto a falta do vento neste caminhar
Quem sabe uma placa para orientar
Parte o mundo, parto eu, parte "Raimundo"
Letargia...

Faço versos porque dispersos,

vão meus dias,

vão os pensamentos,

vão a trajetória...

Paro, penso 

existo, desisto, insisto.

Cisco no olho?

Cisto no osso?

Tudo faz sentido

Um sentido em si em tudo

Sinto tudo em sentido algum

Algum sentido encontro nisso tudo?

Tem dias de fúria, entre suor e lágrimas,
você aprende a duras penas, 
depois de quedas e portas e janelas fechadas
que a ânsia corrói a alma,
castiga o corpo e expulsa a calma.

Sacrifícios vários você descobre que não é o bastante. 
Para quê? Mártir, santo, semi-deus, deuses, se tudo vai morrer?
A imortalidade almejada no caos que permeia esta estrada
você quer transgredir? 

Entre o palatino estrelado e as águas daquela gruta
Não há ser que não vá, nascer desenvolver e definhar.
Tudo quer chegar aos céus, mesmo sabendo que um dia,
Vai tudo desmoronar.

Essa angústia, essa dor vai passar.
Aquela paixão, aquele amor vai passar.
Essa guerra aquela paz um dia vai existir
Apenas na memória de alguém a caminhar.

Me cansei da esperança que brinca com nossas expectativas como uma criança,
Me cansei das ilusões que viram pó e na garganta aquele nó,
Me cansei da tolerância que fere o respeito e a diplomacia,
Me cansei da sua gíria e toda essa conversa vazia.

Macunaima.
Alguém disse que estamos fadados a transformar-se naquilo que mais odiamos.

O lado escuro da alma

Os dias passam sem você perceber,
Que as ilusões duram o mesmo intervalo de tempo de um capricho,
Que os dias transcorrem mais rápido, se prazer você  neles encontra,
Que existem mais artimanhas entre o que deseja, pensa e faz, do que os sentidos possam notar.